Tendo suas origens no período pós-Segunda Guerra, o ano de 1968 representou, antes de tudo, uma verdadeira efervescência político-social, um “autêntico abalo sísmico” (PONGE, p. 1). O 1968 surge, portanto, como produto de um período anterior de contestação mundo.
Antes mesmo de 1968, a década de 1950 é marcada por diversas mobilizações e paralisações na Europa, encabeçadas principalmente pela classe trabalhadora. Em 1959, temos como marco a Revolução Cubana e o ápice do processo de descolonização, representando uma radicalização de movimentos contrários às diversas formas de opressão e exploração, em especial ao imperialismo, uma das principais características da Segunda Guerra Mundial. É nesse período que se expandem e se multiplicam os protestos de grupos identitários: o movimento estudantil, o movimento negro, o movimento feminista, o movimentos dos trabalhadores e dos povos oprimidos, etc.
O berço de 1968 nos remete à França. No dia 10 de maio de 1968, milhares de estudantes franceses ocupam as ruas de Paris, trazendo em suas reivindicações iniciais algumas pautas pontuais, como por exemplo reformas na grade curricular e que mais tarde se estenderam a questões políticas, sociais e filosóficas.
As barricadas erguidas pelos estudantes demarcavam para além de uma barreira física, um verdadeiro cisma: geracional, moral, político. Esse cisma estendeu-se para todos os cantos do globo. Para dar alguns exemplos:
França – Movimento Estudantil e Greve Geral
Em resposta ao intenso movimento estudantil, a polícia reprimia os estudantes e o grupo rapidamente se dispersava. No dia 10 de maio, entretanto, os estudantes pela primeira vez confrontaram a polícia, num movimento que ficou conhecido como a “Noite das Barricadas”. Em solidariedade aos estudantes, no dia 13 de maio de 1968 os sindicatos de trabalhadores do setor privado decretaram greve geral. Cinco dias depois, os trabalhadores do setor público aderiram à greve. Somados aos estudantes e trabalhadores, a classe artística também se manifestou: três membros do júri do renomado Festival de Cannes renunciaram a seus cargos; diretores retiraram seus filmes da competição, e a edição do festival em 1968 teve que se cancelada.
Estados Unidos – A Guerra do Vietnã e o combate à discriminação racial
Sofrendo sucessivas derrotas na Guerra do Vietnã, a população norte-americana, em especial os estudantes universitários, promoveram diversos protestos exigindo o fim do confronto. O meio artístico também foi extremamente significativo, com destaque para o festival Woodstock, um marco da contracultura.
Com o assassinato de Martin Luther King - a maior liderança do movimento negro não violento – no dia 04 de abril de 1968, uma série de revoltas e conflitos se espalham pelos Estados Unidos pelo fim da discriminação racial.
Brasil – Regime Militar e a Passeata dos Cem Mil
Sob o comando dos militares desde 1964, o ano de 1968 no Brasil é marcado pela intensificação dos movimentos contrários à ditadura. O endurecimento do regime, cujo ápice consistiu na morte do estudante de ensino médio Édson Luis, culminou num dos mais importantes movimentos populares durante o Regime Militar, a Passeata dos 100 Mil, no dia 26 de junho de 1968.
Os movimentos de 1968 estenderam-se a diversos outros países, como México, Chile, Argentina, Alemanha Federal, Itália e Tchecoslováquia.
O grande protagonista desse intenso movimento é a juventude. Para além dos jovens, a classe trabalhadora emerge com grande força, especialmente através das greves. “De Paris a Praga e Moscou, passando pela cidade do México, Rio, Córdoba, Tóqui, Madri, Washington, etc., os manifestantes se unem em um sonoro brado de protesto contra os sistemas de exploração dominação e manipulação vigentes.” (PONGE, p. 7).
Escrito por: Larissa Arroteia e Paula Cardoso
Referências Bibliográficas
MAIO de 1968: As Origens e os Ecos do Movimento. <https://www.nexojornal.com.br/explicado/2018/05/05/Maio-de-1968-as-origens-e-os-ecos-do-movimento>.
PONGE, R. 1968, dos movimentos sociais à cultura. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/organon/article/view/29507/18192>. Acesso em: 25 jun. 2018.
Comentários