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Por que precisamos aprender gramática? E por que é necessário o uso da tão assustadora Norma Padrão

Foto do escritor: Pró-EstudarPró-Estudar



Uma das competências que vemos em comum em todas as provas de vestibular é a utilização da Norma Padrão em qualquer redação ou questão discursiva, estejamos falando de narrações, dissertações argumentativas, descrições, cartas ou estilos jornalísticos.


Para entender porque isso ocorre, primeiro precisamos entender um pouco mais sobre o que são mudanças e variações linguísticas e como isso afeta nossa sociedade e nosso dia-a-dia comunicacional. A língua que utilizamos está sempre sujeita a mudanças, já que se trata de uma língua viva e praticada todos os dias por milhões de falantes do português. Só no Brasil, existem 209,3 milhões de habitantes, desses, aproximadamente 205,8 são falantes da língua portuguesa, entretanto, quase 12 milhões de brasileiros são analfabetos. É importante compreender que o que é “analfabetismo” e que isso não compreende que o cidadão não saiba nossa língua: a pessoa analfabeta não sabe ler ou escrever, ou seja, não teve acesso ao acordo ortográfico e, portanto, apenas se comunica através da fala. Sendo assim, o cidadão capaz de se comunicar é falante da língua.


Outrossim, pode-se observar a existência do analfabeto funcional: esse, diferentemente do analfabeto, lê e escreve, entretanto, não desenvolveu recursos mais específicos da leitura: como a compreensão do texto através de coerência, coesão e elementos específicos, essa pessoa tem a capacidade de decodificação das palavras, mas de pouco utiliza isso e, ainda sim, é um falante da língua portuguesa por, assim como o analfabeto, falar e se comunicar através da língua.


Dessa forma, compreende-se que, ainda que com o analfabetismo – funcional ou não – grande parte da nossa população fala a língua nativa e oficial do país: o português. E, inclusive, nos torna, dos nove países de língua portuguesa, o que mais residem falantes dessa língua e, além disso, o maior território de língua portuguesa.


Nesse sentido, começamos a compreender do que se trata e o que estuda a sociolinguística. Nosso país é dividido geograficamente em cinco regiões, sendo essas: norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul, regiões essas que, por suas extensões, se localizam ecossistemas diferentes e, por razões histórico-sociais, foram, aos poucos, sendo habitadas por diferentes imigrantes de diferentes países e culturas. Por exemplo, pode-se dizer que a migração dos italianos foi, predominantemente para a região sudeste e, principalmente, para São Paulo, enquanto os holandeses migraram, em geral, para a região nordeste, com foco em Pernambuco. Todos esses fatores influenciam no desenvolvimento de diferentes culturas e, a cultura, em qualquer lugar, está diretamente ligada com a língua.


Mas, como a cultura e a língua se relacionam tão diretamente? Simples: Só necessitamos falar daquilo que convivemos, aprendemos e conhecemos ou estudamos. Com o tempo, coisas que existiam em uma região e não em outra, foram sendo nomeadas, quando surgiam na segunda região, eram renomeadas. E, assim, iam se criando novas palavras para o mesmo elemento ou, até mesmo, se utilizando a mesma palavra, para coisas diferentes. Além disso, eram trazidas comidas, elementos culturais de outros países por aqueles que para cá migravam, a comunicação ainda rasteira entre o imigrante não falante de português e o brasileiro acostumado com a língua ia trazendo àquela região um novo vocábulo.


Com isso, podemos, finalmente, falar o que é variação e mudança linguística. É implícito para nós, falantes da língua, que existem variações, mas temos muita dificuldade de compreendê-la como uma teoria importante para nossa comunicação: um exemplo muito comum é a grande briga entre os paulistanos, que utilizam a palavra “bolacha”, e os cariocas, que insistem que o correto é “biscoito”. Essa é uma clara evidencia de variação: dois nomes que são utilizados para um mesmo significado. Ou, até mesmo, a utilização da palavra “égua” que, na região norte é uma expressão utilizada para demonstrar espanto, enquanto que, em outras regiões do país, seria vista como uma ofensa.


Variação linguística, portanto, é, nada mais nada menos, que as variações, as diferentes utilizações dos signos linguísticos. O que é completamente diferente da mudança linguística que, entendido do que se trata a variação, se torna mais fácil de compreender: digamos que, aos poucos, os paulistas começassem a adotar a palavra “biscoito” com o mesmo sentido da atual “bolacha”, com o tempo, “bolacha” perderia seu significado, passando a significar uma coisa completamente diferente ou, simplesmente, deixando de existir nessa região, isso, sim, seria uma mudança linguística. A mudança de utilização de uma palavra ou de um significado.


Com isso, fica fácil entender do que se trata o tal “preconceito linguístico” e porque é tão ofensivo quando criticam nosso jeito de falar e tendemos a crer que estamos falando o “correto”, enquanto, aqueles que falam diferente de nós, “errado”. Não há tal ideia de correto e errado quando se trata da língua, viva em atividade em toda nossa sociedade e, sim, de adequado e inadequado.


Por isso, é adequado que, em uma prova de vestibular, escrevamos de acordo com a Norma Padrão e respeitando a gramática, por outro lado, no Facebook, é adequado que falemos com nossos amigos utilizando abreviações e formatos diferentes do da Norma Padrão.


Essas regras que, à primeira vista, parecem cansativas e entediantes, não devem ser ignoradas, justamente porque o corretor de nossa prova pode ser de qualquer lugar do nosso país, e vive em um diferente local, com uma diferente cultura e, para que ele seja capaz de corrigir centenas de provas de todas a regiões, é preciso que ele nos compreenda. E, muito além disso, é sempre necessário que respeitemos aqueles que falam e vivem de forma diferente da nossa: assim, podemos, além de todas as diferenças entre nós, vivermos da forma mais próxima possível.




Escrito por Thayssa Soares

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