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Nessa semana a notícia de que as ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV), centro de atendimento e prevenção ao suicídio, tornaram-se gratuitas geraram bastante visibilidade a este assunto que ainda é um tabu para grande parte da população. Tamanha repercussão levou o Grupo Pró-Estudar a refletir e considerar a relevância de tratar de um tema tão grave e importante.
Este é um assunto que, recentemente, vem ganhando mais espaço tanto na mídia quanto em redes sociais, o que é evidenciado pelo grande número de resultados que aparecem ao fazer uma pesquisa no Google e à grande repercussão da série 13 Reasons Why, por exemplo. No entanto, ainda existem muitos entraves sobre o que e de que forma abordar um tema tão complexo e mobilizador. Além disso, há muita dificuldade em discutir tal tópico de maneira adequada, sem promover falácias ou favorecer elementos que possam ser gatilhos para um indivíduo que passa por isso.
Estudos especializados apontam que o suicídio pode estar ligado a muitos fatores, e que este não pode ser compreendido dentro de uma relação de causa e efeito, como se algum evento isolado acarretasse na ação de tirar a própria vida; contrariamente, é comum que se localize dentro de um histórico de dificuldades e fatores associados. Dentre estes, podemos citar a proximidade a eventos estressores intensos (rompimentos de relacionamentos, perda de entes queridos e etc), problemas psicológicos e doenças psiquiátricas, estresse psicológico e conflitos interpessoais, dificuldade de lidar com as próprias emoções, entre outros.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) alertam para a relevância do tema, mostrando que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio ao redor do mundo; esta também é uma das principais causas de morte entre pessoas de 15 a 35 anos. Logo, o nosso objetivo com este texto é que possamos conhecer um pouco mais sobre o tema , a fim de compreendê-lo e lidar da melhor forma, caso nos deparemos com isso em algum momento da nossa vida.
Como já apontado, o suicídio é umas das principais causas da mortalidade de jovens no mundo e portanto, este é um grupo ao qual daremos maior atenção neste momento. Para as áreas do conhecimento que estudam o desenvolvimento humano, é comprovado que o período da adolescência é uma fase bastante conturbada no processo de amadurecimento de uma pessoa e a coloca diante a uma série de novos desafios, aos quais ela ainda não tem domínio ou não aprendeu a lidar. Nesse período da vida modificam-se as relações familiares, de amizade, as responsabilidades e os papéis que a pessoa tem dentro de todos esses contextos. É também uma fase de formação da própria identidade e da própria personalidade, mudanças hormonais e do sistema nervoso. Por todas essas razões, é um estágio marcado pela intensidade e instabilidade das emoções, pelo sentimento de “tudo ou nada”. Isso naturalmente gera diversas adversidades e atritos a serem enfrentados durante estes anos formativos; no entanto, devemos nos lembrar que esses e outros fatores podem afetar cada pessoa de maneiras diferentes, e em alguns casos, intensificando ou gerando um sofrimento muito maior do que o indivíduo consegue lidar, o que pode desencadear problemas emocionais e psíquicos mais graves.
Ah! o sofrimento! Este é um ponto central que deve ser discutido quando se fala em suicídio. Inegavelmente todos aqueles que passaram por tal situação ou já tiveram ideias sobre, estão convivendo e lidando com intenso sofrimento e com emoções bastante complexas. Portanto, uma pessoa próxima deve ter muito cautela sobre como abordar a temática, buscando não minimizar o que a pessoa está vivenciando.
É importante ressaltar que as tentativas de suicídio são formas de pedidos de ajuda ou então uma forma de expressar a dor e o sofrimento para pessoas que já não veêm outras alternativas de lidar com seus sentimentos e situações enfrentadas. Geralmente não são comportamentos isolados e estão inseridos dentro de um histórico, mais ou menos evidentes às outras pessoas, a depender das característica de cada indivíduo. É importante que as pessoas próximas estejam atentas à desmotivação excessiva, perda da vontade de realizar atividades e viver, isolamento do círculo social e familiar, oscilações de humor (tristeza frequente e excessiva), desmotivação e comportamentos de auto-agressividade; em linhas gerais fala-se dos 4Ds, os quatro principais sentimentos de uma pessoa com risco suicida: depressão, desesperança, desamparo e desespero. Ao notar qualquer indício de uma pessoa próxima com tais sinais, deve-se procurar ajuda especializada de um profissional de saúde mental; da mesma forma, o suporte de quem está próximo é essencial.
Para pessoas próximas é comum a dúvida de como lidar com uma pessoa que passa por algo parecido. A questão é que não há uma fórmula nem receita de como ajudá-la a enfrentar o que está passando, mas alguns pontos de atenção muito importantes são:
Não deslegitimar o que a pessoa sente. As ideias de que “é frescura” ou “é só ter força de vontade”, são muito comuns, porém todos os sentimentos de quem está passando por um momento difícil são reais e complexos, podendo abranger aspectos que nem mesmo as pessoas mais próximas tem conhecimento - portanto, o cuidado ao lidar com um ente querido, demonstrar validação e acolhimento sobre o que ela está sentindo é essencial;
A família ou amigos de pessoas que tem ou já tiveram ideação suicida devem estar atentas aos indícios, e caso perceba risco iminente, é importante não deixar a pessoa sozinha ou com acesso objetos cortantes, medicamentos, etc;
E principalmente, procure ajuda de um profissional de saúde mental - apesar do apoio familiar e de pessoas próximas ser essencial para que o indivíduo não se sinta sozinho em meio a tantas dificuldades, apenas o suporte especializado é indicado para o tratamento adequado de tais questões.
E por fim, retomando o assunto que nos levou a refletir sobre o tema, ao se deparar com uma pessoa que possua ideações ou indícios suicidas, devem ser explorados todos os recursos disponíveis que possam oferecer o suporte necessário em momentos críticos. A ajuda profissional e o suporte de pessoas próximas é imprescindível, e também podem contar com a disponibilidade dos serviços de saúde e emergências e com o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo número 188, gratuitamente em todo o Brasil desde o último dia 30. Para mais informações sobre o tema, o CVV disponibilizou uma cartilha com orientações gerais para prevenção do suicídio.
Escrito por: Larissa Lorenzini
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